Por você – Barão Vermelho

 

 

 

 

 

Por você eu dançaria tango no teto

Eu limparia os trilhos do metrô

Eu iria a pé do Rio a Salvador

Eu aceitaria a vida como ela é

Viajaria a prazo pro inferno

Eu tomaria banho gelado no inverno

Por você eu deixaria de beber

Por você eu ficaria rico num mês

Eu dormiria de meia pra virar burguês

Eu mudaria até o meu nome

Eu viveria em greve de fome

Desejaria todo o dia a mesma mulher

Por você conseguiria até ficar alegre

Eu pintaria todo o céu de vermelho

Eu teria mais herdeiros que um coelho

Eu aceitaria a vida como ela é

Viajaria à prazo pro inferno

Eu tomaria banho gelado no inverno

Eu mudaria até o meu nome

Eu viveria em greve de fome

Desejaria todo o dia a mesma mulher

Eu mudaria até o meu nome

Eu viveria em greve de fome

Desejaria todo o dia a mesma mulher

A espantosa realidade das coisas

A espantosa realidade das coisas

É a minha descoberta de todos os dias.

Cada coisa é o que é,

E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,

E quanto isso me basta.

 

Basta existir para se ser completo.

Tenho escrito bastantes poemas.

Hei de escrever muitos mais. naturalmente.

 

Cada poema meu diz isto,

E todos os meus poemas são diferentes,

Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.

 

Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.

Não me ponho a pensar se ela sente.

Não me perco a chamar-lhe minha irmã.

 

Mas gosto dela por ela ser uma pedra,

Gosto dela porque ela não sente nada.

Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.

Outras vezes ouço passar o vento,

E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.

Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;

 

Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,

Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;

Porque o penso sem pensamentos

Porque o digo como as minhas palavras o dizem.

 

Uma vez chamaram-me poeta materialista,

E eu admirei-me, porque não julgava

Que se me pudesse chamar qualquer coisa.

 

Eu nem sequer sou poeta: vejo.

Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:

O valor está ali, nos meus versos.

Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.

 

Alberto Caeiro

Hábitos de amar

Não é exato que o prazer só perdura.
Muita vez vivido, cresce ainda mais.
Repetir as mil versões prévias, iguais
É aquilo que a nossa atracção segura:

O frémito do teu traseiro há muito
A pedi-las! Oh, a tua carne é ardil!
E a segunda é, que traz venturas mil,
Que a tua voz presa exija o desfruto!

Esse abrir de joelhos! Esse deixar-se coitar!
E o tremer, que à minha carne sinal solta
Que saciada a ânsia, logo te volta!
Esse serpear lasso! As mãos a buscar-
-Me. Tua a sorrir!
Ai, vezes que se faça:
Não fossem já tantas, não tinha tanta graça!

 

Bertolt Brecht

Bebidas Afrodisíacas

Consumidas em quantidade moderada, as bebidas alcoólicas diminuem a inibição e deixam a pessoa eufórica. Mas o excesso atua como um depressor do sistema nervoso e provoca a redução da libido.

Absinto: o absinto era muito usado no final do século XIX pelos artistas e intelectuais europeus, especialmente os franceses, como um afrodisíaco.  O grande responsável por este culto ao absinto foi o poeta francês Paul Verlaine. O absinto, tomado moderadamente, é um bom agente contra problemas intestinais, mas o uso em excesso pode causar cegueira, câimbras e problemas cerebrais.

Aguardente:  destilado proveniente de frutas como maça, uva e figo. É conhecida desde a Grécia. No Brasil é feita com cana-de-açúcar e recebe o nome de cachaça, embora existam dezenas de outras denominações conforme a região do país. A cachaça é item da cultura brasileira desde o tempo da colonização portuguesa, e desde o princípio relacionou-se a símbolos como virilidade, resistência e valentia. Sua conotação erótica é observada em nomes regionais dados à cachaça e aos próprios rótulos que ostentam arte pornográfica. Estas são algumas denominações dadas à cachaça: lágrima de virgem, levanta-velho, virgem afamada, amansa-corno, mata-o-velho.

Champanhe: está ligado ao charme, à sedução e aos rituais de conquista.

Licores: provocam sensação de grande bem-estar ao serem tomados após grandes refeições.

Vinho:  o álcool dilata os vasos sangüíneos, favorecendo o fluxo até os órgãos genitais. O vinho tinto, misturado com gengibre, canela, cravo, baunilha e açúcar é considerado afrodisíaco e foi recomendado pelo autor francês Rabelais em Gargantua e Pantagruel.

 Vinho do Porto: o vinho do porto branco é considerado um dos mais poderosos afrodisíacos, principalmente quando consumido com morangos, de preferência os silvestres. O vinho do porto tinto não provocaria o mesmo efeito.

Escolha a sua bebida e faça seu brinde.

XXII – La Isla

Amor, amor, oh separada mía

Por tantas veces mar como nieve y distancia,

Mínima y misteriosa, rodeada

De eternidad, agradezco

No sólo tu mirada de doncella,

Tu blancura escondida, rosa secreta, sino

El esplandor moral de tus estatuas,

La paz abandonada que impusiste em mis manos:

El día detenido em tu garganta.

 

Pablo Neruda