Soneto LXVI, Cem sonetos de amor

Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.

Te quero só porque a ti te espero
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.

Nessa história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor a sangue e fogo.

Pablo Neruda

Um comentário sobre “Soneto LXVI, Cem sonetos de amor

  1. Tira-me a luz dos olhos – continuarei a ver-te
    Tapa-me os ouvidos – continuarei a ouvir-te
    E, mesmo sem pés, posso caminhar para ti
    E, mesmo sem boca, posso chamar por ti.
    Arranca-me os braços e tocar-te-ei com o meu coração como se fora com as mãos…
    Despedaça-me o coração – e o meu cérebro baterá
    E, mesmo que faças do meu cérebro uma fogueira,
    Continuarei a trazer-te no meu sangue.

    -Rainer Maria Rilke-

    Beijo.

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