Descrevo que era Realmente Naquele Tempo a Cidade da Bahia

A cada canto um grande conselheiro,

que nos quer governar cabana,

e vinha, não sabem governar sua cozinha,

e podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,

que a vida do vizinho,

e da vizinha pesquisa,

escuta, espreita, e esquadrinha,

para a levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,

trazidos pelos pés os homens nobres,

posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados,

todos, os que não furtam, muito pobres,

e eis aqui a cidade da Bahia.

Gregório de Matos

 

Inconstância dos bens do mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

e é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

Gregório de Matos

 

Inconstância dos bens do mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, 

Depois da Luz se segue a noite escura, 

Em tristes sombras morre a formosura, 

Em contínuas tristezas a alegria. 

Porém, se acaba o Sol, por que nascia? 

e é tão formosa a Luz, por que não dura? 

Como a beleza assim se transfigura? 

Como o gosto da pena assim se fia? 

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, 

Na formosura não se dê constância, 

E na alegria sinta-se tristeza. 

Começa o mundo enfim pela ignorância, 

E tem qualquer dos bens por natureza 

A firmeza somente na inconstância.

Gregório de Matos

Inconstância dos bens do mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, 

Depois da Luz se segue a noite escura, 

Em tristes sombras morre a formosura, 

Em contínuas tristezas a alegria. 

Porém, se acaba o Sol, por que nascia? 

e é tão formosa a Luz, por que não dura? 

Como a beleza assim se transfigura? 

Como o gosto da pena assim se fia? 

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, 

Na formosura não se dê constância, 

E na alegria sinta-se tristeza. 

Começa o mundo enfim pela ignorância, 

E tem qualquer dos bens por natureza 

A firmeza somente na inconstância.

Gregório de Matos